O tema da produtividade está bastante presente na nossa vida pessoal, profissional e até familiar. Avaliamos muitas vezes o nosso dia como sendo produtivo ou não produtivo.

O que significa ser produtivo?

Geralmente ser produtivo foca-se em conseguirmos fazer o máximo de coisas possíveis no mínimo de tempo possível, isto é, a produtividade tem por base um resultado e os recursos que usamos para produzir esse resultado. 

Exemplo:

Quando dizemos que alguém é muito produtivo, estamos a dizer que com base nos seus recursos (por exemplo o tempo), a pessoa conseguiu produzir muitos resultados (por exemplo, concluiu muitas tarefas).

É uma linguagem industrial – ligada à produção – que, muitas vezes, transportamos para as várias áreas da nossa vida. 

Exemplo:

Passo o fim de semana em casa e chego ao fim a achar que foi muito produtivo porque arranjei várias coisas, limpei, mudei coisas, etc. Dei um grande passeio com os meus filhos, fiz exercício físico, meditei, etc.

Dessa forma, parece que a sensação de sermos produtivos é boa e oferece bem-estar. No entanto, será que sentimos bem-estar porque recebemos muitas vezes a mensagem de que somos uma boa pessoa quando fazemos muitas coisas?

Essa mensagem está presente quando dizemos: “Que bom, fizeste tantas coisas!”; “És tão bom a fazer várias coisas em simultâneo.”; “És muito produtivo, despachas rapidamente as coisas.” como também está presente quando dizemos: “Não estás a fazer nada”; “Fizeste isso tudo para quê? Não deu resultado nenhum”; “Isto foi uma perda de tempo”. A ideia por trás é a mesma: fazer coisas para gerar um resultado em função do qual avaliamos a qualidade do tempo que passamos a fazer essas coisas. De alguma maneira, é também uma forma de avaliarmos o nosso valor enquanto pessoa. Parece que o nosso valor aumenta quanto mais produtivos formos. 

Contudo, muitas vezes, o foco na produtividade também é uma forma de preenchermos o nosso tempo e de fugirmos de alguma coisa. 

Exemplo:

Mulheres muito ocupadas com o trabalho, a vida dos filhos, a tentar encaixar tempo para si, mas com muito medo de parar e de não serem produtivas.

Mesmo esse parar parece que só faz sentido se gerar algum resultado. 

Exemplo:

Trabalhei imenso a semana toda e no sábado não fiz nada, o que foi ótimo porque me senti novamente energizada. 

Aqui a paragem parece ter sido produtiva, porque ela vai ajudar a pessoa a ser produtiva novamente. Isso acontece com os momentos de autocuidado. A validação que temos para termos momentos de autocuidado é porque a seguir vamos poder cuidar melhor dos nossos filhos, da gestão da casa, etc. Com a meditação e o exercício físico acontece frequentemente o mesmo. A razão pela qual meditamos ou fazemos exercício físico é para termos um determinado ganho que nos vai permitir estar bem para fazermos as outras coisas. 

Mas então… Por que não podemos cuidar de nós, meditar, fazer exercício, etc apenas pela prática em si e pelas sensações presentes nesses momentos?

Produtividade e momento presente

A proposta não é desligarmo-nos completamente das nossas intenções edo ganho que vamos obter no futuro, a proposta é fazermos as coisas não apenas por essa razão como também em alinhamento com: 

  • Como isto me faz sentir agora? 
  • De que forma isto preenche as minhas necessidades agora?

Isso permite-nos não estarmos tanto em esforço e reparar quando estamos em modo de fuga através da produtividade. Se estivermos presentes neste momento enquanto nos relacionamos com os nossos filhos, enquanto nos alimentamos de acordo com a nossa dieta, enquanto fazemos exercício físico, enquanto meditamos, enquanto trabalhamos, ficamos mais leves e menos dependentes do resultado final, seja ele produtivo ou não. 

Sermos produtivos, no sentido mais restrito, pode funcionar para muitos de nós e para outros pode apenas originar desgaste pela dificuldade em nos desligarmos, correndo o risco de nos sentirmos assoberbados e o nosso corpo começar a dar sinais (cansaço, doença, burnout, etc). Não é a quantidade de tarefas ou projetos que fazemos e temos (em comparação com o que os outros fazem e têm), mas sim o que o nosso sistema nervoso nos comunica que interessa realmente. 

Que mudanças podemos trazer para a nossa vida?

Mudar alguma coisa pode ser fazer mais, fazer menos ou fazer diferente… só que muitas vezes pensamos apenas em fazer mais ou melhor. E raramente trazemos para a equação não fazer nada ou deixar estar.

Usamos expressões, bastante enraizadas, como “avançar”; “ir para a frente”; “crescer”; “evoluir” e esquecemo-nos de que, além de avançar, também podemos recuar, andar para os lados, ficar no mesmo sítio, sentar, deitar, etc.

Em vez de olharmos para a produtividade apenas em termos de coisas mensuráveis (ter mais dinheiro, mais status, mais coisas, mais tempo), podemos introduzir o factor do bem-estar, isto é, qualquer coisa que façamos que nos faça sentir genuinamente e integralmente bem será realmente produtivo.

Exemplo:

Quando achamos que precisamos de descansar para depois produzir mais, tendemos a usufruir menos desse descanso quando a expectativa é alta relativamente à quantidade de descanso que precisamos e ao ganho que vamos obter no futuro. A dica é ligarmo-nos àquilo que nos é oferecido enquanto descansamos. 

Mesmo quando não queremos diminuir o número de coisas que fazemos, podemos conectarmo-nos com o que estamos a fazer de uma forma consciente, usufruindo disso. 

Nesse sentido, podemos ter presente estas perguntas:

  • O que isto me está a oferecer? 
  • Estou a evitar alguma coisa ao fazer isto ou é genuinamente positivo para mim e para o meu bem-estar?

Cada um sabe o que é produtividade para si. Podemos criar a nossa própria forma de produtividade com base na nossa intenção e na consciência com que vivemos aquilo que fazemos!

“Um dia produtivo pode ser um dia em que faço muitas coisas, em que faço muito pouco ou em que não faço nada. Porque a produtividade não se mede em função do número de coisas que faço, mas sim em função da consciência e do bem-estar que senti nesse dia.”

Pedro Vieira

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