Falamos muito no poder do pensamento e a maior parte das pessoas experiencia na sua vida determinadas ocorrências e manifestações em função do que pensam, isto é, quando pensam em certas coisas, sentem-se de uma determinada maneira. Muitas vezes, até dizemos que temos de pensar melhor sobre um assunto ou sobre as nossas opções, mas será que estamos efetivamente a pensar bem?

O que significa pensar bem / pensar melhor?

É muito difícil acompanharmos a forma como os outros pensam, aliás é difícil acompanharmos a forma como nós próprios pensamos. No entanto, quando estamos sozinhos ou em silêncio, e se prestarmos atenção, conseguimos observar o nosso pensamento, tornando-o consciente. E quando isso acontece, percebemos que há um conjunto de palavras, certas estruturas, certas afirmações, certas perguntas que fazemos a nós próprios, às vezes até certos diálogos que ocorrem como se diferentes personagens estivessem a interagir.

E mesmo sendo difícil para nós observar o nosso próprio pensamento, em muitos momentos transmitimos ao outro o que pensamos e como pensamos.

Exemplo:

“Que engraçado, pensei nisto.”
“Quando dei por mim, estava a fazer a mim próprio esta pergunta.”

E a partir destes relatos, aprendemos um pouco sobre as formas de pensar e chegamos à conclusão de que não pensamos sempre da mesma forma, e que diferentes pessoas não pensam da mesma maneira. Portanto, quando dizemos a alguém: “Pensa melhor sobre isto.”; “Pensa bem.”; “Reflete sobre o assunto.”, seria interessante também perguntar como ela pensa sobre determinado assunto, de forma a perceber se a instrução “Pensa melhor sobre isto” vai conduzir a um resultado bom ou nem por isso.
É em função da intenção que temos que podemos avaliar a qualidade do nosso pensamento e da estrutura que estamos a utilizar para pensar. Não se trata de uma proposta objetiva, que pressupõe que pensar de uma determinada forma é o correto, pois isso levaria a tentativas de controle do pensamento. O que está em causa é pensar bem ou pensar melhor mediante uma determinada intenção.
Há, por exemplo, certas estruturas de pensamento que nos conduzem a resultados opostos àqueles que nós queremos.

Exemplo:

A minha intenção é sentir-me bem.
E depois, numa determinada situação em que eu quero fazer uma coisa e não consigo, penso algo como: “Porque é que tudo me corre mal?”; “Porque é que não faço nada de jeito?”
Essa estrutura de pensamento leva a outros pensamentos, dando origem a determinados sentimentos, afastando-me, em princípio, da intenção de me sentir bem.
Nesse sentido, posso dizer que esta forma de pensar, nesta situação concreta e tendo em conta a minha intenção, não parece ser um exemplo de pensar bem.

Pensar bem ou pensar melhor também é ter um sentido crítico e objetivo em relação às coisas e procurar encontrar evidências das coisas em vez de verbalizar opiniões e afirmações – que não têm qualquer fundamento – como sendo uma verdade. Às vezes, é frustrante observar que a repetição contínua de algumas destas estruturas de pensamento que não se baseiam em evidências, leva a que elas passam a ser uma aparente verdade porque “toda a gente diz isso”; “toda a gente sabe isso”.
Da mesma forma, e mesmo quando existem evidências ou estudos, isso pode não ser aplicável numa determinada situação. Um exemplo de pensar mal seria aplicar uma coisa sem termos em conta que um determinado estudo não refere a totalidade das pessoas (100%) mas sim apenas a maioria das pessoas. Isso lembra-nos da importância da observação do que está a acontecer em vez de especularmos que “deve ser assim”; “deve ser igual para todas as pessoas”.

O que nos diz o método científico?

Pensar bem ou pensar melhor está muitas vezes associado à utilização do método científico (observação > criação de tese > lançamento de hipótese > testes para validar/afastar hipótese > criação de novas hipóteses). Se utilizássemos esse método nas pequenas e grandes coisas da nossa vida, conseguiríamos aumentar a probabilidade de pensarmos bem.

No entanto, esse tipo de pensamento pode ser trabalhoso por nos fazer questionar as coisas em vez de tomarmos por verdadeiro um conjunto de crenças, regras, tradições ou pensamentos antigos que já tivemos. Por outro lado, quando surgem evidências que abalam as ideias que temos e a nossa forma de pensar, isso pode mexer com os nossos valores e com a ideia de estarmos certos ou errados, originando resistência.

No método científico, o que está bem ou mal não é a conclusão a que chegamos – pois ela pode mudar se tivermos novas evidências – mas sim o meta-pensamento, o tipo de perguntas que estamos a fazer.

Em Neuro Estratégia, isso equivale ao estudo consistente dos modelos mentais que podemos utilizar que nos ajudam a pensar bem sobre as coisas, de forma a evitarmos expor os nossos vieses cognitivos e a não cair nas armadilhas do ego e da proteção de identidade.

Tudo começa primeiro na nossa capacidade de observar o nosso pensamento, depois na nossa capacidade de não nos identificarmos com o pensamento. Para muitos de nós, quando um pensamento aparece na nossa cabeça, nós tornamo-nos esse pensamento, logo esse pensamento está certo e temos de o defender.

“Um pensamento não é verdade só porque o pensei.”

Quando nós não nos identificamos com o pensamento e nos afastamos um pouco, vamos para o meta-pensamento, isto é, pensamos sobre o pensamento.

Exemplo:

“Que interessante, tenho este pensamento sobre este tipo de situação e em vez de me ajudar, está a prejudicar-me; em vez de me fazer sentir bem comigo mesmo, faz-me sentir horrível.”

Estratégias para pensar bem / pensar melhor

1º passo: Observar os pensamentos

O convite é criar um espaço entre um pensamento e o pensamento seguinte ou entre um pensamento e o sentimento que é originado e o comportamento que se segue. O facto desse espaço ser pouco estimulado anestesia a nossa capacidade de pensarmos sobre o que pensamos. Por isso é que a meditação é tão importante para aprendermos a estimular esse espaço e observar os pensamentos que surgem.

2º passo: Questionar a forma como pensamos

Aqui entram os modelos mentais que, no fundo, são os modelos que podemos aprender num curso de Mindfulness, Parentalidade, Neuro Estratégia, Coaching, etc. Ao repetirmos muitas vezes as estruturas de pensamento consciente, aumentamos a probabilidade de, num dado momento e de uma forma espontânea, começarmos a pensar melhor sobre as coisas.

São várias as perguntas que nos podem ajudar a pensar melhor. Aqui vão algumas propostas:

  • Nesta situação, qual seria a melhor forma de pensar? Qual seria um exemplo de pensar melhor neste tipo de situação?
  • [Modelo de Coaching 1.0] Onde é que estou? Onde é que quero estar? Como faço para chegar lá?
    Ou: O que está a acontecer? O que quero que aconteça? Como posso fazer para chegar lá, isto é, quais as alternativas?
  • O que controlo nesta situação? O que posso influenciar? De que forma posso prestar atenção a isso agora? (Em vez de prestarmos atenção às coisas que não controlamos e que não podemos influenciar).
  • Qual é a evidência que tenho disto? Como é que sei isso? (Em vez de estarmos apenas ligados às nossas especulações, às crenças culturais, às crenças passadas pela nossa família, etc.)
  • O que aconteceria se eu acreditasse numa coisa diferente?

Notas importantes:

  • Além das perguntas, também pode ser muito útil pensar melhor junto com alguém de forma a sairmos das nossas estruturas de pensamento. Podemos falar sobre situações em que queremos pensar melhor com pessoas que pensam de uma forma diferente da nossa, que têm valores ou opiniões diferentes das nossas. Se nos interessarmos em perceber como o outro está a pensar, poderemos fazer aprendizagens interessantes que nos poderão até levar a questionar a nossa própria forma de pensar.

3º passo: Medir o impacto

O impacto pode ser sentimental (como nos sentimos com os pensamentos que temos) como também pode ser o impacto gerado sobre os outros (por pensarmos de uma certa forma, comportamo-nos dessa forma e isso afeta positiva ou negativamente as nossas relações).

É em função da medição do impacto que podemos alterar certas coisas. É quase como criar um modelo de Coaching ao nível do pensamento: O que estou a pensar? O que eu quero pensar? Como posso alterar a minha forma de pensar?

Isso permite-nos descobrir um mundo infinito de possibilidades… E claro, nos casos em que isso possa ser um pouco frustrante devido a alguns automatismos e estruturas de pensamentos inconscientes, poderemos optar por uma abordagem mais técnica para lidar com isso.

Se queres saber mais sobre a arte de pensar melhor e beneficiar das técnicas e estratégias de Coaching, PNL, Mindfulness, Hipnose, Modelos Mentais, entre outros, a Neuro Estratégia pode ser o caminho a seguir. Sabe mais aqui: https://www.lifetraining.pt/neuro-estrategia