“Há pelo menos 4 formas de falar em público.”

O que é falar em público?

Falar em público pode ser ir para cima do palco ou dar uma palestra para uma grande audiência, como também pode ser:

  • Conversar com o filho/a, companheiro/a, familiares, amigos, etc.
  • Falar com um cliente, fornecedor, etc.
  • Interagir com a turma enquanto professor ou formador.
  • Fazer uma apresentação numa reunião de trabalho.
  • Ir à escola do filho falar sobre uma questão em particular.
  • Fazer uma pergunta ou partilhar uma opinião durante uma reunião de família, de trabalho, na escola, etc.
  • Etc.

Ao mesmo tempo que pode ser uma oportunidade para nos sentirmos ouvidos e reconhecidos, falar em público também pode ser muito desconfortável e difícil e desafiar as nossas necessidades psicológicas.

Exemplo:

  • Fico atrapalhado quando exprimo a minha opinião perante os meus colegas porque tenho medo que não me reconheçam e não me valorizem.
  • Fico inseguro quando preciso de fazer uma apresentação sobre um tema específico porque acho que nunca estou suficientemente bem preparado.
  • Sinto-me nervoso quando preciso de intervir nas reuniões de trabalho porque tenho medo de ser rejeitado e que não gostem de mim.
  • Sinto-me agitado quando falo em público porque acho que não me vou lembrar de tudo o que é para dizer e vou começar a divagar.

Há dois grandes medos existenciais que tendem a surgir quando falamos em público:

  • Medo de não ser amado (a forma como os outros pensam e sentem em relação a nós)
  • Medo de não ser suficiente (quando sentimos que alguma coisa está em falta em nós)

Sabendo disso, falar em público é, na verdade, uma excelente forma de lidarmos e confrontarmos esses medos! Quase tudo o que podemos aprender sobre nós surge numa experiência como a de falar em público.

Os 3 canais de comunicação

Quando falamos em comunicação, distinguimos 3 canais de comunicação:

  • Verbal: as palavras que utilizamos.
  • Paraverbal: o tom de voz que utilizamos, a velocidade a que falamos, o timbre da nossa voz.
  • Não verbal: aquilo que fazemos, isto é, a forma como utilizamos o nosso corpo, incluindo a forma como utilizamos a nossa face.

Exemplo:

  • Eu posso estar em palco e falar durante 10 minutos com várias oscilações no tom da minha voz e fazer gestos amplos com as mãos enquanto falo e caminho ao longo do palco.
  • Eu posso intervir numa reunião de trabalho e usar um tom de voz mais alto, dizer palavras como “agir”, “ganhar”, “concretizar” e fazer movimentos mais secos com as mãos.
  • Eu posso estar a dar uma matéria nova aos meus alunos e falar com um tom de voz mais baixo e mais pausado sem grande movimento nem de corpo nem das mãos e com uma expressão facial mais neutra.
  • Eu posso falar com os meus filhos num tom de voz sereno com gestos em que há toque físico, como abraço ou toque no ombro, e com um sorriso no rosto.

Por que razão é tão importante observar estes canais?

Estes 3 canais de comunicação são o que nos permitem observar o comportamento do outro e o nosso próprio comportamento. É o que nos permite também perceber quando há congruência (o que dizemos, o tom de voz que usamos e os gestos que fazemos estão alinhados) e quando há incongruência entre os canais de comunicação (o que dizemos, o tom de voz que usamos e os gestos que fazemos não estão alinhados).

Exemplo:

  • Eu posso dizer: “Estou entusiasmado por estar aqui” e o meu tom de voz e os meus movimentos corporais mostram algo diferente.
  • Eu posso dizer: “Este é o melhor produto do mercado” e ao dizer isso ter a voz trémula ou baixar os olhos para o chão.
  • Eu posso dizer que concordo com o que foi dito enquanto abano a minha cabeça.

A incongruência entre os 3 canais de comunicação tende a gerar dúvida e insegurança no outro pois, de forma consciente ou inconsciente, capta a incongruência. Pelo contrário, a congruência permite um maior relaxamento e confiança por parte do outro.

Usar o modelo LASEr como suporte

O modelo LASEr está constantemente a acontecer pois estamos constantemente a aceder a uma determinada estratégia comportamental ou energia LASEr que é observável através dos 3 canais de comunicação referidos.

Para falar em público, torna-se por isso imprescindível que o LASEr seja usado como suporte de forma a identificar a(s) energia(s) e necessidade(s) psicológica(s) da audiência e de forma a satisfazer essas mesmas necessidades através das energias que utilizamos para cativar as pessoas e para que elas entendam a mensagem a ser transmitida.

Energias à nossa disposição para falar em público

  • Energia laranja: sentimental e específica

Esta energia permite-nos comunicar de forma leve e divertida; ser flexível, estar aqui e agora, criar uma experiência para a audiência, etc.

  • Energia vermelha: lógica e específica

Esta energia permite-nos comunicar de forma clara e direta; manter-nos fiel ao que queremos dizer; utilizar autoridade e confiança; ser prático e gerar resultado, etc.

  • Energia azul: lógica e abstrata

Esta energia permite-nos comunicar de forma organizada e estruturada; ser consistente e detalhado; apresentar explicações e recorrer a estudos e bibliografias, etc.

  • Energia verde: sentimental e abstrata

Esta energia permite-nos comunicar de forma tranquila e serena; colocar a audiência em primeiro lugar, criar conexão com o outro, mostrar que queremos servir, etc.

Não há uma energia “certa” para falarmos em público, precisamos é de prestar atenção ao impacto da energia que estamos a utilizar num determinado contexto. Está a ser saudável? Está a ser ecológica?

Para todo o aspeto positivo de uma energia, pode haver um aspeto negativo. Um aspeto negativo também pode ser positivo num outro contexto.

Exemplo:

  • Pode ser ecológico usar uma energia vermelha numa reunião de direção num momento de tomada de decisão.
  • Pode não ser ecológico usar uma energia vermelha quando estou a falar para crianças pequenas que estão a chorar.
  • Pode ser ecológico usar uma energia laranja para propor à minha companheira marcar mais momentos de descontração a dois.
  • Pode não ser ecológico usar uma energia laranja para fazer um discurso durante um funeral.
  • Pode ser ecológico usar uma energia azul para explicar e detalhar as várias etapas do processo da montagem de uma máquina.
  • Pode não ser ecológico usar uma energia azul para motivar a equipa de vendas.
  • Pode ser ecológico usar uma energia verde para falar de parentalidade consciente a uma audiência de futuros pais.
  • Pode não ser ecológico usar uma energia verde numa conferência sobre Segurança Informática onde está prevista uma reflexão e discussão das diversas questões inerentes à segurança informática na visão da investigação científica.

Nota:

O mesmo é válido quando precisamos responder a perguntas da audiência. Há pelo menos 8 formas de responder a perguntas da audiência: 4 formas ecológicas e 4 formas não ecológicas.

Praticar flexibilidade comportamental

O grande trunfo para um orador é praticar a flexibilidade comportamental. Para isso, é importante identificarmos as energias presentes de forma a adaptarmos a nossa comunicação consoante o contexto e as necessidades por preencher para que a nossa audiência possa sentir que as suas necessidades psicológicas estão satisfeitas.

Para adaptarmos a nossa comunicação, podemos recorrer aos 3 canais de comunicação que são, no fundo, as 3 coisas que podemos mudar na nossa comunicação.

Exemplo:

  • Em vez de fazer um gesto, faço outro de forma satisfazer uma energia observada.
  • Em vez de dizer uma palavra, digo outra de forma a satisfazer uma energia observada.
  • Em vez de um certo tom de voz, uso outro de forma a satisfazer uma energia observada.

A proposta da flexibilidade comportamental é: Observar → Adaptar → Observar

Sabe mais em: https://www.lifetraining.pt/metodo-laser

“Aprender a fazer LASEr é aprender a fazer pequenas mudanças.”