Enquanto seres sociais, o nosso bem-estar está altamente ligado à qualidade das nossas relações – amorosas, familiares, profissionais, sociais – pois enquanto seres sociais é através da relação que conseguimos satisfazer as nossas necessidades (ou uma grande parte delas) e é quando as nossas necessidades estão satisfeitas que nós nos sentimos bem. Torna-se por isso relevante estudar a forma como interagimos com os outros. São as escolhas que nós fazemos sobre a forma como comunicamos com os outros que vão ditar, em última análise, a qualidade das nossas relações.
As 5 Linguagens do Amor de Gary Chapman
Gary Chapman, um reverendo que trabalhava no domínio do aconselhamento religioso – muitas vezes com casais que lhe pediam conselhos matrimoniais – intuiu, através da sua observação, que era quase como se às vezes as pessoas falassem linguagens diferentes e que, o que provocava afastamento, mal-entendidos e mal-estar não era o facto das pessoas não gostarem umas das outras, era mais o facto de falarem linguagens diferentes. Isso levou-o a apresentar as 5 Linguagens do Amor:
- Palavras de afirmação
- Atos de serviço
- Presentes
- Tempo de qualidade
- Toque
Palavras de Afirmação
Quem utiliza e valoriza esta linguagem do amor está particularmente interessado em exprimir e receber amor através de palavras, de uma forma verbal. As palavras de afirmação são palavras que são desenhadas para afirmar amor, afirmar o que sentimos em relação ao outro, para reconhecer o outro. Quando digo a alguém: “Eu gosto de ti”; “Eu amo-te”; “Eu gosto de passar tempo contigo”; “Eu valorizo-te por isto ou por aquilo”
Quando valorizamos esta linguagem do amor, sabemos que alguém gosta de nós porque a outra pessoa afirma isso através de palavras. Da mesma forma, nós expressamos o amor às outras pessoas – independentemente do tipo de relação – por palavras também: Digo ao meu chefe: “Gosto da forma como lidera a equipa”;“Gosto do apoio que me dá”.
Atos de Serviço
É quando fazemos um ato pela outra pessoa através do qual entregamos alguma coisa ao outro, prestamos-lhe um serviço. Quando esta linguagem é a mais forte, a pessoa expressa o seu amor pelos outros fazendo coisas por eles (podem ser coisas pequeninas): Vou reparar que falta algo ao outro, como uma pasta de dentes ou um desodorizante, que o outro precisa de alguma coisa, vou fazer a cama, oferecer boleia, oferecer-me para ir buscar alguma coisa à outra pessoa.
Quando valorizamos esta linguagem, também nos sentimos amados através dos atos de serviço que o outro nos presta e vamos ser mais exigentes em relação aos atos em si: Eu chego com o café para entregar a alguém e está frio ou então a pessoa normalmente toma chá e não café.
Presentes
As pessoas que valorizam mais esta linguagem gostam de oferecer e receber presentes que mostram que nós nos lembramos do outro ou que o outro se lembrou de nós. É uma prenda escolhida porque prestamos atenção à outra pessoa ou porque simplesmente sabemos que o outro gosta disso (pode não estar associado a valor financeiro): Posso dar um livro; uma peça de artesanato feita por mim.
Quando temos esta linguagem, o que está em causa é se a pessoa que nos entrega o presente está a entregar uma coisa que de facto tem a ver connosco e valorizamos: Se eu disser a alguém que valoriza muito os presentes que lhe escrevi um poema de amor, ela poderá não valorizar isso, pois talvez preferisse um colar, um anel, uma refeição no restaurante favorito.
Tempo de Qualidade
A grande expressão da linguagem do tempo de qualidade é passar tempo com a outra pessoa (mas não um tempo qualquer). Mais uma vez, é um tempo de qualidade onde nós realmente prestamos atenção à outra pessoa, uma atenção muito única que revela que estamos a ouvir e a ver o outro, que refletimos sobre o que o outro diz: Não é estar ao lado de alguém e estar ao telemóvel nas redes sociais; Não é ver uma série juntos e a outra pessoa não prestar atenção à série.
O tempo de qualidade implica presença, que pode ser uma presença física (lado a lado), como também pode ser através de uma videochamada, um contacto frequente por mensagens, etc. Muitas vezes, quando as pessoas nos pedem tempo de qualidade, o que as pessoas estão a pedir é para mostrar que são importantes: “Ouve o que estou a dizer”; “Larga o telefone”; “Não digas nada, fica só aqui comigo”.
Toque
É a linguagem do tocar na outra pessoa. Este toque pode ser o toque íntimo, uma expressão da sexualidade e do desejo e também pode ser um toque que mostra carinho, presença, ligação. As pessoas que valorizam muito esta linguagem sabem que alguém gosta delas porque a pessoa lhes toca na mão, no ombro, beija na face, sentem que há proximidade física. Se não tiverem isso, a leitura que fazem é: “Esta pessoa não se sente bem junto de mim”; “Esta pessoa não gosta de mim”.
Todas as linguagens de amor podem ser problemáticas no sentido em que, quando uma das partes valoriza muito uma linguagem e a outra não a tem muito dominada, pode trazer vários desafios. No caso do toque, algumas pessoas, por várias razões, têm mesmo muita dificuldade em receber toque, não gostam que lhes toquem, não gostam da sensação física. Isso pode ser altamente problemático se a pessoa não gosta do toque e a outra necessita de ser tocada para saber que é amada e tende a tocar para mostrar que ama.
Dito isto, quando duas pessoas falam a mesma linguagem ou dominam minimamente as linguagens preferenciais, elas têm uma certa facilidade em exprimir amor e sentem-se mais seguras em relação ao amor do outro. No entanto, os desafios surgem quando estas linguagens não são as mesmas.
O que fazer quando as linguagens divergem?
As linguagens que nós temos parecem-nos muito fáceis de usar, por isso se a nossa linguagem de amor é palavras de afirmação, achamos que é muito fácil dizer a alguém que gostamos dela e escrever algo bonito. Só que para alguém que não tenha essa linguagem, isso pode ser extremamente difícil. As estratégias passam então por nós traduzirmos aquilo que a outra pessoa diz na nossa linguagem e o que queremos dizer na linguagem do outro.
1ª estratégia: Quando queremos entregar amor ao outro, procuramos perceber qual é a linguagem de amor do outro, utilizamos essa linguagem e mostramos como isso se diz na nossa linguagem, tornando a tradução explícita: “Isto para mim significa aquilo”.
Exemplo:
Eu parto da minha linguagem de palavras e quero expressar amor a alguém que tem como linguagem de amor os presentes. Escolho um presente e quando lhe entregar o presente, vou também dizer-lhe o que isso quer dizer na minha linguagem: “Eu quero te dizer que gosto muito de ti e por causa disso escolhi dar-te este presente. Dar-te este presente significa dizer-te que gosto muito de ti.”
2ª Estratégia: Quando recebemos do outro, traduzimos na nossa linguagem.
Exemplo: Alguém dá-me uma pasta de dentes.
- Se a minha linguagem for palavras de afirmação, então traduzo para “isto é a forma da pessoa me dizer que gosta de mim”.
- Se a minha linguagem é o toque, vou traduzir e perceber que isso é a forma da outra pessoa me fazer um carinho.
- Se a minha linguagem é presentes, traduzo para “isto é a forma da pessoa me dar alguma coisa que é importante para mim”.
- Se a minha linguagem for tempo de qualidade, então traduzo para “esta pessoa investiu o seu tempo para me oferecer isto”.
3ª estratégia: Falamos abertamente sobre este conteúdo com outra pessoa:
>> Quais são as linguagens do amor mais importantes para ti?
>> Quais achas que são as mais importantes para mim?
Ficamos assim em melhores condições para mostrarmos aos outros que os vemos, ouvimos e que são importantes para nós.
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