É muito frequente ouvir pessoas a dizer: “Estou ansioso por causa disto ou daquilo”; “estou a sentir muita ansiedade”. A ansiedade é um tema que toca a maior parte das pessoas, pois todos nós experienciamos ansiedade em maior ou menor grau em determinados momentos da nossa vida.

O que é a ansiedade?

A ansiedade está relacionada com o futuro, com uma preocupação acerca do futuro que não sabemos como vai acontecer e que talvez não seja como desejado. Essa preocupação – ou melhor dizendo pré-ocupação – acontece porque estamos a ocupar-nos antes do tempo com possíveis resultados que não são bons para nós e com a possibilidade das coisas correrem mal. A ansiedade resulta de uma atividade mental que está sempre a acontecer, consciente ou inconscientemente – através de crenças e das histórias que nos contamos – e que cria impactos fortes no sistema humano, gerando manifestações físicas e estados emocionais incapacitantes.

Exemplo:

  • Estou ansioso porque vou receber os resultados dos exames médicos que fiz e ainda vou ficar a saber que tenho uma doença.
  • Estou ansioso porque se calhar as pessoas vão criticar o que eu tenho para partilhar.
  • Estou ansioso porque o meu chefe vai rejeitar o meu pedido.
  • Estou ansioso porque o meu filho pode cair pelas escadas abaixo.

Exemplo de manifestações físicas:

Dificuldade em respirar, palpitações no coração, dor de cabeça, falta de apetite, tremores, dor de barriga ou diarreia, dificuldade ou incapacidade em relaxar ou dormir, tensão muscular, etc.

E sempre que concebemos uma possibilidade negativa, começamos logo a especular sobre o que faremos se:

  • eu for diagnosticado com uma doença;
  • as pessoas criticarem a minha opinião;
  • o meu chefe disser não;
  • o meu filho cair pelas escadas abaixo;

criando todo o tipo de cenários na nossa cabeça em resposta a isso.

Por vezes, quando a especulação se torna realidade, observamos que tínhamos imaginado aquela situação muito pior do que efetivamente aconteceu. O facto de nos preocuparmos com alguma coisa, em princípio, não tem nenhuma relação direta com o facto dessa coisa acontecer ou não. A coisa não acontece só porque estávamos preocupados com ela.

Exemplo:

Eu posso ficar ansioso com o facto do meu filho poder cair pelas escadas abaixo e ele efetivamente chegar a cair. No entanto, isso não tem relação direta e todas as vezes que eu pensei nisso e não aconteceu, eu estive a alimentar o meu sofrimento.

De onde vem a ansiedade?

Podemos falar em dois tipos de ansiedade.

Um em que conseguimos facilmente identificar o que está a acontecer do ponto de vista mental, isto é, sabemos qual é a razão da nossa ansiedade:

Exemplo:

  • “Estou ansioso por causa da situação X ou da pessoa Y”.
  • “Estou ansioso porque estou quase a ir de férias e não sei se tenho dinheiro suficiente para as férias”.
  • “Estou ansioso porque tenho de acabar um projeto ou um relatório”.

Muitas vezes, a ansiedade está ligada à nossa preocupação com o julgamento dos outros, o que vão achar ou dizer sobre nós, como vão reagir àquilo que dizemos e fazemos. Muitas das histórias que nos contamos são sobre a forma como os outros nos vão avaliar mesmo que grande parte dessas histórias não tenham sequer uma base lógica.

Outro tipo de ansiedade, é quando sentimos ansiedade mas não sabemos qual a razão.

Exemplo:

“Estou ansioso e não sei porquê.”

No que diz respeito a esta ansiedade mais geral, a própria natureza da experiência humana é uma natureza que conduz a estados de ansiedade devido à total falta de controlo. Percebemos que a nossa experiência é, de facto, misteriosa: nós nascemos, não sabemos muito bem qual é o propósito da nossa experiência, o que estamos cá a fazer, sabemos que vamos morrer mas não sabemos como nem quando, sabemos que as pessoas que nós gostamos um dia vão morrer também…

Nos nossos dias, existe também uma ansiedade que vem da ideia do propósito, do legado que queremos deixar. Para muita gente, não saber como deixar a sua marca causa muita ansiedade durante a sua vida.

Há igualmente pessoas que se identificam com este processo de ansiedade levando-o para o nível da identidade afirmando: “eu sou ansioso/a” e utilizando a ansiedade como uma limitação e condicionamento. Sabendo que nós não experienciamos a ansiedade com a mesma intensidade e que estar muito ansioso não é uma experiência agradável, até que ponto, por vezes, ela é utilizada como uma desculpa?

Exemplo:

“Não consigo fazer isso porque sou uma pessoa muito ansiosa.”

Em que situações a preocupação pode ser positiva?

A intensidade da ansiedade depende mais da forma como nos relacionamos com uma determinada preocupação. Há uma grande diferença entre “preocupar e gerar ansiedade” OU “preocupar e tomar decisões que fazem coisas acontecer”.

A preocupação pode ser consciente e eficiente para assegurar o nosso bem-estar e os nossos processos mentais podem ajudar-nos a descobrir coisas que são importantes e a prepararmo-nos para a eventualidade de coisas que nós não queremos que aconteçam.

Exemplos:

  • Se eu for despedido, eu vou precisar fazer contas. Se calhar, podia ter dinheiro de lado para estar mais à vontade no caso de vir a ser despedido. E começo a ver novas formas de gerir o meu dinheiro, de fazer poupanças, etc.
  • Vou fazer uma palestra e penso: “E se as pessoas não gostarem desta parte da palestra? Se calhar, eu posso preparar melhor a palestra, posso pedir ajuda a alguém, posso falar com um colega para perceber como ele reagiria se eu dissesse isto, etc.” E começo de forma consciente a utilizar a preocupação a meu favor para aumentar a probabilidade das coisas correrem como eu gostaria.

No entanto, o que muitas vezes acontece é que não chegamos a fazer nada de prático, ficamos só ligados à uma história que vai crescendo em nós. Começamos a acreditar nos nossos pensamentos.

Exemplo:
Se eu pensar que o meu chefe não gosta de mim é porque ele não deve mesmo gostar de mim.

Se eu pensar que há algo de errado com a minha saúde é porque devo ter mesmo um problema de saúde.

E vamos alimentando esses pensamentos que influenciam o nosso estado emocional que, por sua vez, influencia a forma como vemos e encaramos a realidade.

Exemplo:

Se os meus pensamentos levam a sentir-me deprimido, a realidade torna-se deprimente pelo que vou encarar o que está a acontecer à luz desse estado.

Se pelo contrário, os meus pensamentos levam a sentir-me otimista, a minha realidade tornar-se também ela mais otimista e encaro o que está a acontecer à luz desse otimismo.

O que fazer para acalmar a ansiedade?

“A nossa experiência humana acontece, sempre, no presente.”

Pedro Vieira em “Insight – A semente da mudança
  1. Para evitar uma atividade mental pouco interessante, podes colocar o foco no momento presente, no “aqui e agora”, onde não existe ansiedade. Para tal, podes colocar a atenção na tua respiração (enquanto inspiras e expiras) ou na informação que é captada pelos teus sentidos, observando apenas o que vês, ouves e sentes.
  2. Dedica algum tempo a atividades que te proporcionem prazer e bem-estar (ler um livro, escrever, desenhar, pintar, meditar, praticar exercício físico, ouvir música, etc.).
  3. Pergunta-te: Por cada 100 preocupações que tiveste no passado e que geraram em ti ansiedade (com a saúde, finanças, relacionamentos, família, trabalho, etc.), quantas é que depois aconteceram mesmo? E como aconteceram? E de que forma foram tão danosas para ti quanto o que tinhas imaginado?
  4. Oferece espaço e permissão para a ansiedade existir. Em vez de te quereres livrar dela a todo o custo, reconhece-a e aceita-a, acolhendo-a sem julgamentos e sem alimentá-la. Quando acolhemos a ansiedade, ela começa a desvanecer e a perder a sua força. Pelo contrário, quando nós resistimos a oferecer esse espaço, ela volta com mais força, o que nos leva a ficarmos ansiosos por estarmos ansiosos.
  5. Utiliza a preocupação de uma forma positiva e eficiente pensando algo como: “Que curioso, agora estou a ficar mais ansioso.” E depois questiona-te: “O que estava a pensar que gerou esta ansiedade? O que posso aprender com esta preocupação? Há algo que eu possa fazer?” Se não houver, simplesmente deixa ir a preocupação.
  6. Por trás da ideia da preocupação está a crença de que se nós nos preocuparmos o suficiente, ganhamos controlo sobre uma determinada situação. No entanto, isso não acontece, não conseguimos controlar efetivamente uma situação. E quando percebes que não há nada ou muito pouco para controlar – há apenas algumas coisas que podes influenciar – podes começar a relaxar e assim diminuir a ansiedade.  
  7. Nós humanos, não fomos feitos para a auto-regulação e sim para a co-regulação, por isso, não precisamos lidar com a ansiedade sozinhos. A co-regulação pode acontecer de várias formas. Podes, por exemplo, abraçar durante 20 segundos alguém que não está ansioso. Podes até comunicar isso a outra pessoa para ela te ajudar quando te sentires ansioso: “Quando estou mais ansioso, aquilo que é mais benéfico para mim é dares-me espaço, dares-me um abraço, dar um passeio comigo, etc.”
  8. Coloca a intenção de viver a tua vida com mais leveza. As pessoas que conseguem viver com leveza não lidam com processos mentais paralisantes. E essa leveza pode ser, por exemplo, através da tua capacidade de te rires das coisas que acontecem, de não te levares demasiado a sério, de pensares que daqui a 5, 10, 30 anos isso já não terá relevância nenhuma e poderá tornar-se até cómico que possas estar a viver com intensidade emocional negativa uma coisa que é, na verdade, irrelevante… mesmo que agora pareça ser a coisa mais importante do mundo.

Para encontrares mais formas de lidar com a ansiedade, nada melhor do que seres tu a criar as tuas próprias estratégias através da Neuro Estratégia, uma abordagem criada por Pedro Vieira (www.pedrovieira.net) que te permite beneficiar das técnicas e estratégias de Coaching, PNL, Mindfulness, Hipnose, Modelos Mentais, entre outras.