Os seres humanos desejam Congruência – queremos ser verdadeiros connosco próprios e atuar de uma maneira consistente com aquilo em que acreditamos e valorizamos, queremos viver e trabalhar de forma autêntica.

Esta busca pela congruência já vem no nosso equipamento de base , os nossos cérebros criam coerência entrelaçando as nossas experiências internas e o que observamos no nosso ambiente, através de um processo automático de narração que explica porque fazemos o que fazemos. À medida de repetimos as histórias que daí resultam para nós próprios  (muitas vezes inconscientemente) elas tornam-se guiões e rotinas que guiam as nossas ações. E em vez de reconhecermos as nossas histórias como construções que são, vemo-las, erradamente, como verdades imutáveis , como “as coisas são”.

Nos processos de Coaching e desenvolvimento de liderança encontramos muitas pessoas que moldaram a forma como pensam e lideram (“tudo é sempre uma batalha nesta empresa”, por exemplo.)

Para o bem e para o mal as nossas histórias moldam aquilo em que reparamos e como interpretamos o que acontece. Elas influenciam as nossas tomadas de decisão e o nosso comportamento. Se, por exemplo, vês o teu local de trabalho como um campo de batalha vais esperar hostilidade, vais preparar-te para atacar e defender. Podes assumir que discussões são inevitáveis, interpretar mal as intenções dos colegas e perder oportunidades para colaborar. Na verdade, se mudares a história que te guia isso pode levar-te a perseguir novos objetivos e fazer as coisas de forma diferente, obtendo resultados diferentes.

O primeiro passo para nos libertarmos das histórias que usamos para viver a nossa vida é identificar e examinar essas mesmas histórias que continuamente contamos a nós próprios e aos outros. Isto ajuda-nos a entender aquilo que valorizamos – ou  ao que estamos a dar valor sem sequer querer – e porque agimos e reagimos da forma que o fazemos. Identificar um desafio pessoal ou coletivo que estamos a enfrentar e descobrir o que dizemos sobre isso pode ser uma boa forma de começar.

Uma vez que identifiques a tua história, o passo seguinte é considerar como é que ela te afeta: é libertadora, possibilitadora ou aflige-te, “aperta-te”?
O teu estado físico pode dar-te pistas. O A tua narrativa faz-te sentir livre e com escolha? Há conexão ou desconexão entre aquilo que queres e a narrativa que justifica a forma como pensas e te comportas?

Se descobrires que algum dos guiões que tens na tua vida te limitam , o passo seguinte é considerar aquilo que gostavas de mudar e como a tua história precisaria de se adapatar ou alterar para te ajudar a conseguir a mudança.

Quando nos apercebemos que os nossos comportamentos têm origem nas histórias que construímos e repetimos até que ficam “escritas na pedra”, tornamo-nos mais capazes de sermos autores de histórias mais libertadoras.

Reconstituindo as nossas narrativas de forma a que elas nos ajudem a mover na direção que, na verdade, queremos é um processo de Escolha e de Intenção – de buscar sentido para a nossa vida.

Qualquer líder pode começar a desenvolver esta capacidade poderosa aprendendo a reconhecer as narrativas que orientam a sua vida – individualmente e colectivamente como uma equipa ou organização – analisando os seus efeitos em si e nos seus colaboradores e colegas e reescrevendo-as e refinando-as para que se dê mais ênfase aos elementos que nos empoderam e menos aos que nos limitam.

As recompensas de o fazer incluem um cada vez maior sentido de humanidade, congruência e liberdade.

traduzido e adaptado de : Harvard Business Review