por Bela Questão Podcast

|Segue um excerto da transcrição da entrevista que pode ser ouvida e/ou lida na integra aqui|

Esta é uma conversa sobre liderar em tempos de crise. Aqui a liderança não é só ao nível de liderar equipas, mas também liderar o nosso próprio espírito e no contexto familiar, em casa, numa perspetiva de desenvolvimento pessoal.

Antes de mais, vamos começar por apresentar o Pedro Vieira. O que gostarias de acrescentar sobre o teu percurso, o que achas que te define com pessoa? Como te descreverias?

Pedro – Acho que a descrição mais relevante, neste momento, tem mesmo a ver com o facto de há 13 anos ter ingressado profissionalmente no mundo desenvolvimento pessoal. Desde o final de 2007, estou a trabalhar como como couch e isso põe-me todos os dias em contacto com pessoas que estão a lidar com turbulência, dificuldades e desafios. Se nestes dias parece que, de repente, toda a gente está a lidar com desafios, no dia a dia, a maior parte de nós está em turbulência e em crise. Estamos é, momentaneamente, todos com o foco comum.

Há uma alteração do contexto que nos toca a quase todos, em simultâneo. Mas a maior parte das pessoas passa por estas crises, com com muita regularidade, no seu trabalho, nos relacionamentos, na saúde e nas finanças.

Acho que, aqui, o papel ou o ponto de vista de um couch pode ser particularmente relevante porque estamos todos os dias a lidar com isto. Acho que este é o comentário mais relevante para acrescentar a este contexto inicial.

Curiosamente, antes de seres coach, já estavas numa empresa e estudaste economia. Podes fazer aqui um contexto de qual é que era a tua profissão anterior?

Pedro – Estudei economia e depois trabalhei durante uma série de anos numa grande empresa do mercado de saúde, do fitness. Tive várias funções na empresa, comecei inicialmente por ser vendedor, depois tive uma série de funções de gestão e acabei a gerir um número alargado de clubes e de colaboradores. Foi, aliás, durante esse trajeto que eu fui descobrindo o coaching e aquilo que podia fazer por mim, nesses três níveis que tu apresentaste, logo no início da conversa:  O que é que pode fazer por mim, pessoalmente, Pedro? O que é que pode fazer pelo meu entorno mais próximo, pela minha família? E o que é que pode fazer pela pela minha equipa de trabalho? Que eu tinha na altura.

Os resultados foram tão interessantes, quando eu comecei a beneficiar inicialmente da ajuda de uma coach. Foi mesmo abrir-se um novo mundo, descobrir coisas que nem sequer sabia que existiam sobre mim e sobre os outros. Isso tornou-se tão apaixonante, que acabou por desembarcar nesta nova profissão, que eu tenho há 13 anos.

Já agora, podes dar um exemplo de qual foi a descoberta mais incrível que fizeste?

Pedro – Uma das descobertas mais incríveis, particularmente relevante para os dias que correm, em que tive assim o momento “Uau!”, foi entender que havia claramente dois tipos de coisas na minha vida: as que eu controlava e podia influenciar e as que eu não controlava.

Isso é tão óbvio, quando pensamos nisso. Nós não controlamos tudo. Podemos investir imenso tempo a pensar sobre as coisas que não controlamos, a analisá-las, a fantasiar sobre elas, a ter medo delas, mas elas são imunes à nossa influência, precisamente porque nós não conseguimos controlá-las.

Há outras coisas que conseguimos controlar, ou pelo menos achamos que o conseguimos fazer, nem que seja parcialmente, e que conseguimos influenciar. Essas, sim, se pela sua natureza são influenciáveis, quando nós começamos a pensar sobre elas, a observá-las, a aprender e a testar coisas diferentes, permitem-nos criar novos resultados. 

Isso é tão óbvio, hoje em dia, para mim, mas na altura não era. Senti-me extremamente “totó” quando fiz estas descobertas. Estávamos a falar de alguém que se estava a aproximar dos 30 anos de idade, a gerir uma equipa de trabalho e que na altura já era pai. 

De repente, comecei a confrontar-me, pela primeira vez, com estas grandes questões de desenvolvimento pessoal: “Tu estás a falar muito sobre isto. Isso é uma coisa que tu controlas? Não. É uma coisa que consegues influenciar? Não. Então, o que é que ganhas de estar sempre a pensar sobre isto agora?”. Parece tao óbvio, mas só se torna óbvio depois de nós fazermos essa pergunta. 

|Nos próximos posts continuaremos a partilhar excertos desta entrevista.|

Obrigado Amália pelo excelente trabalho!